quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Direto do Túnel do tempo (1997) : Jon Bon Jovi é "O Sedutor"


Se buscarmos o nome Jon Bon Jovi em qualquer site de pesquisa, veremos a grande quantidade de notícias ligadas a sua volta aos cinemas e especulações sobre sua participação na sequência de “Idas e vindas do amor”. Entretanto esta não é a primeira vez que uma participação de Jon causa alvoroço entre os fãs...Mexendo no Túnel do Tempo, encontramos uma entrevista publicada no Jornal O Estado de São Paulo em 1997, onde Jon fala sobre a sua entrada nas telinhas Hollywoodianas. A reportagem foi publicada justamente na semana de lançamento do filme mais conhecido que Jon atuou, “O sedutor”. Além de contar um pouco sobre a sua vida de ator, Jon fala também referente ao seu álbum solo “Destination Anywhere”, carreira e familia.

Então hora de reviver mais um grande momento na vida de Jon Bon Jovi:


Bon Jovi testa seus dotes cinematográficos

O Cantor vive um frio e calculista sedutor
no filme de John Duigan, que estréia hoje em SP”


Por Marcelo Bernardes (Jornal O Estado de São Paulo 22/08/1997)

Nova York – Em Julho chegou às lojas de todo o mundo o segundo disco solo do cantor Jon Bon Jovi , “Destination Anywhere”, que mistura baladas, rock, R&B e muita introspecção. Bon Jovi quer provar que é um bom músico e aluno aplicado em seu novo ofício, o cinema. "O Sedutor" de John Duigan, foi rodado a 18 meses em Londres e estréia hoje em São Paulo.
Bon Jovi contracena com um elenco formidavél: Thandie Newton, Lambert Wilson, Anna Galiena e David Warner. O cantor é Robin Granger, um ator hollywoodiano tipo Brad Pitt que vai a Londres fazer uma peça para provar que não é só um rosto bonito. Ele é o Leading man do texto de um dramaturgo (Wilson) que vive um caso extra-conjugal com uma atriz do elenco (Thandie).
Quando o escritor começa a ser pressionado pela esposa (Anna) com quem tem três filhos. Bon Jovi oferece ajuda e inicia plano para seduzi-la, mas não se contenta só com isto e avança sobre Thandie.
John Bongiovi, de 35 anos, sabe que os críticos nunca o levaram a sério. Com 75 milhoẽs de cópia vendidas depois de doze anos na estrada – 10 milhoões só para Keep the Faith em 1992 – o rebatizado Jon Bon Jovi ainda lida com piadas sobre seu corte de cabelo .A maior delas surgiu na época do Slippery when wet, um disco que ele preza muito, lançado em 1986.
Folder Divulgado do Filme
Diziam os boatos que, num Barbacue na casa de Bruce Springsteen, o fogo da churrasqueira pulou para seus cabelos, chamuscando suas madeixas e o deixando com look de ovelha. “Mesma coisa com Barbara Streissand” explica o cantor com ar de Flamboyant. “Perdem tempo falando das unhas e do nariz dela e ninguém nota que a mulher tem uma obra coerente e que luta para manter um padrão”, conclui Bon Jovi, que poucos minutos antes, se afundava numa poltrona de couro marrom na sala do escritório de seu Manager, na rua 57, centro de Manhattan.
Com sua banda mais tranquila agora, já que Richie Sambora, David Bryan e Tico Torres partiram para rumos distintos, que vão desde projetos solos a paternidade (Sambora vai ser pai, em outubro, do filho da loiraça Heather Locker, protagonista da série Melrose), Jon pode se dedicar a shows intimistas e a projetos cinematográficos, vestindo jeans levi's com dois furos na parte superior da coxa e botas de cowboy, Bon Jovi recebeu a reportagem do Estado, numa tarde de muito calor:


(Estado) – Como você conseguiu o papel principal de “O Sedutor” ?
(Jon Bon Jovi) – John (Duigan) viu o “Jogo da Verdade” (com Whoppi Goldberg, Katlen Turner e Gwyneth Paltrow), meu primeiro filme, e gostou muito. Em seguida já me mandava o roteiro. Para mim foi um passo lógico aceitá-lo. Era um papel maior, num filme pequeno, europeizado e quase artesanal, era um personagem cheio de ideias e vitalidade, além de ter gostado muito do diretor.

(Estado) – Você se considera um bom ator agora?
(Jon Bon Jovi) O Jogo da verdade foi meu primeiro filme. Eu estava verde no negócio. Depois do quarto, oitavo, décimo take, ainda achava que eu era ali. É bem típico você sempre estar se desculpando, quando não domina uma situação. Já com “O Sedutor” passei dez dias fazendo ensaios com John e o elenco. Quando cheguei no set, sabia exatamente o que fazer. Nesse filme, senti-me mais confortavél, mais sob controle. Comparo também os personagens. Meu primeiro era mais superficial, já Robin Grange é um sujeito tridimensional. Ele tem um passado, um futuro e interage muito mais dramaticamente com os demais personagens.

(Estado) – Como se preparou para o papel?
(Jon Bon Jovi) Inicialmente não queria assumir um compromisso com o filme, John convidou–me e neguei, apenas porque estava atolado com as turnês da Banda. John deu–me seis meses de prazo, período em que pude explorar todos os nuances psicológicos do personagem, com ajuda do meu professor de interpretação e de John.

(Estado) – Que tipo de convite vem recebendo no cinema?
(Jon Bon Jovi) Papéis em filmes de ações e comédias românticas, recentemente recusei várias produções como “Anaconda”, por exemplo. Adoraria viajar para o Brasil, onde nossos shows foram excelentes, mas o roteiro era rídiculo. Não gosto destas besteiras que Hollywood produz como “O Santo” .

(Estado) – Quando vai ao cinema o que gosta de assistir?
(Jon Bon Jovi) Apesar de não ser fã das comédias de Jim Carrey , devo dizer que fui ver “O Mentiroso” e ri muito. Gostei também de “Inimigo Íntimo”, apesar de toda aquela palhaçada de brigas de egos. “Na corda Bamba” que deu o Oscar a Billy Bob Thornton e Crash - “Estranhos prazeres” de Cronemberg.

Capa Destination Anywhere
(Estado) – Qual o conceito para o álbum “Destination Anywhere” ?
(Jon Bon Jovi) Este cd é uma criação mais intimista , um trabalho para provar e reiventar meu estilo de compor uma música mais pensada. Passei vários meses em Londres, por ocasião das filmagens, e há muito das minhas observações sobre este período no álbum. Mas não acho que ele tenha um conceito, uma linha mestra e seja fruto de uma só fonte de inspiração.

(Estado) – A banda Bon Jovi surgiu na década de 80, cruzou a barreira dos 90 e continua ainda a fazer sucesso. Como explica esta longevidade?
(Jon Bon Jovi) Acho que muito do nosso apelo tem a ver com o fato de sempre termos sido uma banda de garagem. Isso deu sustentação conceitual para a gente. É claro que o público se identificou muito com nossas músicas, o que ajudou bastante. Estamos na estrada desde 84, numa viagem contínua. Fomos a muitos lugares e as pessoas compareceram em todas as vezes.

(Estado) – Foi dificil manter a banda viva com tanta competição?
(Jon Bon Jovi) Lançamos o “Keep the faith” em 1992, na mesma época que o Nirvana começou todo o movimento Grunge. Um monte de colegas nossos não conseguiram segurar este momento. Mas nós prosseguimos colocando na parada alguns dos nossos maiores sucessos de nossa carreira, num ponto bastante pessoal e maduro de nossa trajetória. Acho que toda essa felicidade e maturidade foi repassada pelo público, que nos deu passagem para seguirmos em frente.

(Estado) – Por que você disse não gostar mais de se apresentar em Megashows?
(Jon Bon Jovi) Você fica mais confortavél, mais sob o controle da situação, quando a coisa é pequena. Tenho muitas memórias da turnê “Slippery When Wet” que não foram boas, porque estávamos voando muito rápido e perdendo a diversão daquilo. A Tour do álbum “These Days” foi o máximo porque tinhamos uma perspectiva muito mais bem delineada.

Campanha Versace
(Estado) – Como os demais integrantes da banda avaliam seu interesse atual pela carreira de ator?
(Jon Bon Jovi) Você vai ter que perguntar a eles. Mas acho ser bem aceito agora, do que a seis, sete anos, quando a vida deles era só em torno da banda. Ninguém tinha outra meta, nenhum ramo criativo para seguir: era só a banda. Agora todo mundo tem seu caminho, novos trabalhos e reunimos nos momentos que achamos convenientes.

(Estado) – O que você acha da discussão sobre o corte de seu cabelo?
(Jon Bon Jovi) Já não presto atenção nisto, não me importo mais. Naquela época quando lançamos o “Slippery when wet” foi desalentador. Estavamos na capa da revista Rolling Stones, tinhamos o disco mais vendido, fruto de muita luta e tudo que as garotas e a imprensa queriam comentar era sobre meu corte de cabelo. A coisa boa disto tudo é que passado dez anos, o “Slippery” é um grande álbum.

(Estado) – Que tipo de música você escuta agora?
(Jon Bon Jovi) Meu álbum favorito é o do “Walflowers”, sabe, do filho do Bob Dylan?

(Estado) – E antes quando tocavam numa garagem?
(Jon Bon Jovi) Todas aquelas coisas que caras que cresceram nos anos 70 ouvem: Bowie, Thin Lizzy, Aerosmith, Led Zepelin. Mas as coisas que realmente me influenciaram quando jovem foram Southside Johnny (and the Asbury Jukes) Bruce Springsteen e os caras que cresceram no meu bairro.

(Estado) - E no cinema, atores que admira?
(Jon Bon Jovi) – Definitivamente caras da minha geração, como Sean Penn, Daniel Day Lewis, Jhonny Deep e Val Kilmer.

(Estado) - Você sempre críticou o fato dos atores serem modelos, mas deixou que sua imagem fosse usada nos anúncios de “Gianni Versace” como explica isto?
(Jon Bon Jovi) - É só olhar para o anúncio e vai ver como pareço desconfortavél nele. Não é sempre que se tem a oportunidade de trabalhar com um grande fotográfo como Bruce Webber. Ele foi ver meu show em Buenos Aires e veio com essa ideia de fotografar. No dia seguinte ele e a equipe da Versace apareceram no meu hotel e me deram uma calça, cueca e jeans preto. Fizemos um divertido trabalho por quase duas horas. Disse que se eu gostasse do resultado, eles poderiam usar em revistas. Mas não houve troca de dinheiro e nenhuma concepção da campanha. Foram só fotos, nas quais acho que me sai bem.(risos).

(Estado) – Você é vaidoso com roupas?
(Jon Bon Jovi) – Não! Sempre tenho este mesmo estilo: jeans, camiseta e no frio, um casaco de couro.

(Estado) – Você já disse em entrevista que acha o preço das roupas de Versace salgado.
(Jon Bon Jovi) – Muito. Não tenho dinheiro para ficar comprando vestido de U$$12 mil para minha mulher. Digo para ela não se assanhar, assim não quebramos o orçamento familiar. (risos).

Campanha Versace


(Estado) – É verdade que Robert de Niro o queria para o papel de “Val Kilmer” em “Fogo contra fogo” ?
(Jon Bon Jovi) – Li numa revista, como qualquer outro leitor, que ele tenha visto meu trabalho e gostado muito. Nunca encontrei com ele nem recebi nenhum convite.

(Estado) - A paternidade afetou seu estilo de compor?
(Jon Bon Jovi)Não muito. Nunca escrevi nenhuma canção influenciada pelos meus filhos até agora. Billy Joel fez uma coisa muito interessante com isso em seu mais recente álbum. Mas a paternidade neste momento só afetou meu lado pessoal. Já não sou mais o centro das atenções em casa, o papo é sempre mamadeira e fraldas e nunca Bon Jovi. (risos)

(Estado) - Que tipo de conselhos você tem dado a Richie Sambora, que agora vai ser pai?
(Jon Bon Jovi) Richie é um cara que adora dormir até o meio-dia, vai ter de esquecer-se disto.

(Estado) - Qual a imagem errada que as pessoas ainda fazem de você?
(Jon Bon Jovi) Que tenho 1m74 e sei mergulhar. (risos)


Fonte: O Estado de São Paulo
Retirado do Arquivo pessoal de Reca Silva


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